«Baforada de dignidade artística no cinema português» intitulava-se a crítica onde F. Xavier Pacheco assinala o reaparecimento de Manuel Guimarães «da melhor forma» e afirmando que «O Crime de Aldeia Velha supera Saltimbancos, cotando-se como o melhor filme da sua carreira» (in Jornal de Notícias, Porto, 21-11-1964).
«Em boa hora Manuel Guimarães, cuja intuição plástica e senso dramático poderosamente aqui se afirmam, escolheu para uma película de ressurreição nacional a mais clamorosa peça desse rapsodo das autênticas grandezas e misérias do nosso povo que é Bernardo Santareno. (...) Perante a irresistível maré de mistério, de irracionalidade medieval, que o realizador foi capaz de canalizar até nós sem tropeçar sequer na sequência tão difícil das aparições, há que reconhecer, sim, em O Crime da Aldeia Velha, uma obra cinematográfica de ressonâncias universais» (Urbano Tavares Rodrigues in Diário de Lisboa, 1964).
«Manuel Guimarães conseguiu, na nossa opinião, um dos seus melhores filmes. A sequência final é digna de figurar numa antologia do cinema português (...). Não sendo um filme moderno – no sentido em que Belarmino o era, isto é, como linguagem – O Crime situa-se a um nível, diremos, académico, com o qual é preciso contar, em qualquer cinematografia, e que convém intensificar (Lauro António in O Tempo e o Modo, n.º 23, 1965, p.100).
Continua sempre a haver críticas de grande severidade, como a de Manuel de Azevedo, que - apesar de anteriormente ter colaborado com Manuel Guimarães em A Costureirinha da Sé - aqui considerava que ainda eram «visíveis muitas falhas de gosto, demagogias e certo estilo palavroso de dramalhão ambicioso» (elogiando por contraste o filme seguinte, O Trigo e o Joio, in Diário de Lisboa, 10-11-1965).
Texto compilado a partir de «Um neo-realismo singular: o cinema de Manuel Guimarães», de Leonor Areal, in Actas das II Jornadas de Cinema Português, UBI, 2011.
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