Estreado em 12 de Dezembro de 1952, no Éden em Lisboa, ao fim de 5 dias em cartaz, a publicidade ao filme anunciava que tinha já sido visto por 27 mil espectadores. Permaneceu em cartaz durante três semanas. A recepção crítica ao filme foi também de aplauso, apesar de os cortes aplicados pela Censura terem provocado lacunas narrativas que o tornam um objecto mais frágil.
Em 1954, Manuel de Azevedo escrevia:
«Não há dúvida de que o caso de Manuel Guimarães, por exemplo, nunca foi tratado com o carinho que merece e apontado pelo que representa de sincero esforço de reabilitação. Os seus filmes “Saltimbancos” e “Nazaré”, sendo embora insuficientes pela imprecisão estilística e falta de profundidade dramática, representam, no entanto, qualquer coisa de diferente, de sincero, de merecedora de respeito e interesse. Dizer que as suas obras não valem porque não são perfeitas, é o mesmo que exigir que todos os artistas sejam génios; ou que toda a criação seja uma obra prima» (Manuel de Azevedo. À Margem do Cinema Nacional, Porto, Cine-clube, 1956, p. 47).
Sobre este filme dirá Luís de Pina:
«O argumento tem veracidade e dramatismo, mas de novo essas qualidades se perdem no melodrama exagerado e num deficiente controlo de sentimentos. Há cenas magníficas e outras medíocres, todas elas rodeadas, sempre que possível, de um vigor plástico muitas vezes fora do comum. Talvez por deficiente interpretação, as figuras não assumem a grandeza que a marca do quotidiano heróico lhes dá» (Luís de Pina, «Manuel Guimarães», revista Filme, n.º 25, Abril 1961, p. 35).
A crítica, mais uma vez, ignorava ou fingia ignorar que as inconsistências notadas eram resultado da acção da Censura, que neste filme cortou cerca de 20%, segundo revelou o autor anos mais tarde, após o 25 de Abril de 1974.
Cartaz de Manuel Guimarães.
Texto compilado a partir de «Um neo-realismo singular: o cinema de Manuel Guimarães», de Leonor Areal, in Actas das II Jornadas de Cinema Português, UBI, 2011.
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