domingo, 10 de maio de 2015

Biografia


Manuel Guimarães, nascido em Albergaria-a-Velha em 1915, cresceu no Porto onde seus pais tinham uma pensão (Pensão do Bolhão, depois a Pensão Aliados). Estudou pintura na Escola de Belas-Artes do Porto, tendo como mestre Dordio Gomes e como colega Júlio Resende, entre outros. Desde cedo fez ilustração para a revista Repórter X e para o Jornal de Notícias, tendo realizado várias exposições de artes plásticas na sua juventude. 

Estreou-se no cinema como assistente geral de Manoel de Oliveira em Aniki-Bobó (1942). Em 1949 realizou a curta-metragem O Desterrado, premiada pelo SNI. Em 1951 concretizou o filme de fundo Saltimbancos, primeira obra neo-realista do cinema português, a que se seguiram mais sete longas-metragens e uma vintena de documentários. A censura salazarista estropiou alguns dos seus filmes, sobretudo Nazaré (1952), Vidas sem Rumo (1956) e O Trigo e o Joio (1965), deixando marcas severas numa obra que a crítica não soube valorizar. 

Guimarães morreu em 1975, sem conseguir concluir a montagem do seu último filme, Cântico Final (a partir do romance homónimo de Vergílio Ferreira) e a sua obra caiu no esquecimento. Foi o único realizador neo-realista do cinema português, o único que ofereceu resistência ideológica ao regime, quiçá o mais sacrificado de todos.

A vida e a obra do cineasta Manuel Guimarães foram marcadas pela penúria, pelos sacrifícios inúmeros, pela resistência ao regime totalitário. Mas a obra é feita de permanente sonho e lirismo, de emoções trabalhadas em busca da perfeição impossível – sempre negada pelos cortes da censura. Desse confronto doloroso da arte com a violência do regime, nasce uma obra de tonalidades quase tristes, mas sempre combativa, que neste ano do centenário queremos dar a ver e reviver. 

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