Com esta concessão ao cinema comercial, Guimarães desiludia completamente:
«Manuel Guimarães voltou as costas à arte para tentar o espectáculo. (...) Filme popular, sem outros intuitos que não fossem os de distrair a plateia e conseguir um filme de espectáculo. A costureirinha da Sé marca um impasse na carreira de Manuel Guimarães. Resultado do fracasso financeiro de Vidas sem rumo e da própria falta de receptividade do cinema nacional? Momento de pausa na procura de outros caminhos? Não sabemos. Sabemos, sim, que Manuel Guimarães é um artista consciencioso e não o podemos atacar de modo nenhum por ter feito A costureirinha da Sé, pois sabemos em que meio se exerce em Portugal a profissão de cineasta».
Por isso mesmo foi atacado e perdeu os favores ou a consideração da crítica:
«Sentimos, por isso, que devemos não esquecer estar Manuel Guimarães em dívida para o cinema nacional. Tudo o que nos prometeu com Saltimbancos primeiro e depois com Nazaré – um pouco mais de esperança em Vidas sem Rumo – não encontrou seguimento na Costureirinha da Sé. Aguardamos que o próximo filme de Guimarães não constitua desilusão»
(José Reis in revista Plateia de 5 de Janeiro de 1963, na expectativa do próximo filme O Crime de Aldeia Velha).
Texto compilado a partir de «Um neo-realismo singular: o cinema de Manuel Guimarães», de Leonor Areal, in Actas das II Jornadas de Cinema Português, UBI, 2011.