quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Nasci com a Trovoada em Coimbra


Nasci com a Trovoada será projectado no Festival Caminhos do Cinema Português, no Teatro Académico de Gil Vicente, no dia 27 de Novembro às 17h30. Com a presença da realizadora.

terça-feira, 12 de setembro de 2017

Os eternos problemas do cinema português

« – Tal como se encontra legislado, que perspectivas abre a nova lei de cinema?

– Há muita coisa com que não estou de acordo, como todos nós, evidentemente. Mas o que mais choca é verificar que a Lei irá proteger mais as entidades exploradoras do cinema do que aqueles que afinal o produzem. A abertura e preferência dada às co-produções parece-me também – digam o que disserem todos aqueles que no cinema apenas vêem interesses comerciais – o mais clamoroso atentado à concretização dum cinema nacional com personalidade própria. Fala-se de estruturas, infra-estruturas e mais quejandas coisas, apenas para camuflar desígnios inconfessáveis que todos bem conhecemos, conscientes como estamos de que Portugal nunca poderá ser uma oficina de cinema enlatado para consumo universal. Nem isso nos interessava nada!

Mas, não nos trará algumas coisas boas a nova Lei? Pois concerteza que sim. Se ela for cumprida nessas alíneas. Mas a melhor ajuda que ela nos poderia dar – arrisco! – seria a de construir dois cinemas, um em Lisboa e outro no Porto, para estreia dos nossos filmes, livre de taxas de exibição e distribuição, que nos levam quase a totalidade das receitas nos dois maiores centros de rentabilidade, o que quase sempre impossibilita a recuperação dos capitais investidos. Os filmes – sem discriminação – seriam ali estreados pela ordem do seu acabamento e estariam no cartaz o tempo que o público entendesse. Às salas, administradas pelo Instituto, poderia dar-se os nomes de "Paz dos Reis" no Porto e – porque não – "Leitão de Barros", em Lisboa. Quando não houvesse filmes para estrear, fazer-se-iam reposições e retrospectivas. Isso era ajudar o cinema português e dignificá-lo. (...) »

Excerto de uma entrevista a Manuel Guimarães, no Diário de Lisboa, em 1972 (data incerta).

Nota: a lei referida é a lei nº7/71 que cria o IPC, Instituto Português de Cinema, actual ICA.

http://doc-log.blogspot.pt/2007/03/h-35-anos.html

domingo, 3 de setembro de 2017

Filme perdido de Manuel Guimarães recuperado e exibido na Feira do Livro do Porto





O filme "A Terra e o Homem", realizado por Manuel Guimarães (1915-1975) e que estava perdido, foi recuperado pela associação Confederação e será exibido na Feira do Livro do Porto, a par de um documentário sobre o cineasta.

Localizado em 2016 pela Confederação -- Coletivo de investigação teatral, um grupo fundado no Porto em 2010, o documentário, de 15 minutos, mostra a cidade de Vila Nova de Famalicão, através de filmagens que decorreram em 1968.

O filme será exibido pelas 19:00 de terça-feira, na Biblioteca Municipal Almeida Garrett, no Porto, antes da projeção de "Nasci com a Trovoada -- Autobiografia Póstuma de um Cineasta", um filme realizado por Leonor Areal "a partir de filmes e textos de Manuel Guimarães", utilizando materiais de arquivo, de filmes, fotografias e artigos de jornal a cartas e diários para traçar um documentário "quase ficção" sobre o neorrealista, narrado pelo próprio cineasta.

A obra foi localizada na Escola Básica Dr. Francisco Sanches, em Braga, depois de um contacto do diretor, Jorge Amado. "Na altura da reformulação, o diretor liga-me a dizer que tinha pedido para reunir tudo o que era material de cinema numa sala", contou à Lusa Miguel Ramos, um dos fundadores da Confederação.

No meio do material encontrado, que foi depositado no Arquivo Nacional de Imagens em Movimento (ANIM), estava uma fita "que dizia 'Ulisseia Filmes' e 'Homenagem ao Dr. Nuno Simões'".

"Achei estranho pelo formato, porque estava em 35mm, que não era projetado, só em salas de cinema, e não era uma reportagem, porque era muito grande para o ser", comentou Miguel Ramos, que ao assistir percebeu tratar-se de "A Terra e o Homem", o filme perdido de Manuel Guimarães, que o apontou "em duas anotações em listas biográficas".

O próximo passo foi telefonar a Leonor Areal, que se encontrava na fase final da montagem de "Nasci com a Trovoada", antes do depósito do filme e dos trabalhos de recuperação depois de um conjunto de "muitos fatores e muita gente a trabalhar junta" para um resultado positivo.

O restauro, levado a cabo no ANIM, foi financiado pela Câmara Municipal de Famalicão e foi outro resultado feliz do processo. "Explicámos que tínhamos a verba e íamos avançar, eles tinham um curso interno de recuperação em analógico e o filme foi por aí", revelou Miguel Ramos.

A película, "em ótimo estado", permite deixar a obra de Manuel Guimarães "completa", com um filme que "tem muito interesse, primeiro para Famalicão, que já tinha um do Manoel de Oliveira ('Famalicão', de 1941), que é um pouco mais pitoresco, enquanto este é um pouco mais direto, mais cru".

"Está muito bem filmado, é muito cru, porque o Guimarães é um neorrealista e quer ir para a rua e filmar aquelas pessoas em primeiro plano. É um documentário com tempo, a filmar a feira, e depois toca na tal homenagem ao Nuno Simões, um republicano que tem ainda hoje muita relevância", comentou.

A homenagem, que segundo as informações recolhidas pelo coletivo ocorreu a 09 de abril de 1968, foi levada a cabo pelo município de Vila Nova de Famalicão, concedendo ao republicano (1894-1976) a insígnia de "Grande Oficialato da Ordem de Benemerência".

É neste ponto que termina o documentário de Manuel Guimarães, até aqui considerado desaparecido, e que foi encomendado pela autarquia à Cultura Filmes, de Ricardo Malheiro. O documentário enquadra-se mais nos filmes "mais institucionais" da filmografia do realizador, embora tenha já "um cunho altamente neorrealista".

"Ele vai filmar para a rua, as pessoas, passa muito tempo na feira, interessa-lhe a paisagem, mas ele dedica muito tempo à feira, filmar as pessoas em primeiro plano, a vinda delas, o que é que se está a vender", apontou.

A equipa por detrás da recuperação também encontrou o negativo do filme, que se encontra "em muito mau estado", e está a preparar um texto sobre o filme, uma investigação apoiada pelas autarquias do Porto e de Braga, que será disponibilizado na Internet.

Nascido em 1915, em Albergaria-a-Velha, Manuel Guimarães destacou-se como cineasta neorrealista, tendo-se estreado com "O Desterrado -- Vida e Obra de Soares dos Reis", em 1949, antes de realizar uma das suas obras mais conhecidas, a longa "Saltimbancos", em 1951.

Antes de morrer, em 1975, na cidade de Lisboa, o cineasta criou longas e curtas-metragens, entre ficção e documentário, como "O Crime da Aldeia Velha" (1964) ou "A Costureirinha da Sé" (1958), além de "Tráfego e Estiva", em 1968, que foi o primeiro filme português rodado em 70mm.

Desenvolveu ainda atividade como pintor e caricaturista, numa carreira na qual viu, em várias películas, a censura 'cortar' várias cenas, devido à crítica social patente, como "Nazaré", de 1952, que contava com argumento do escritor Alves Redol (1911-1969).

Lusa

sábado, 2 de setembro de 2017

Duas estreias no Porto - 5 Setembro 2017



Integrado na Feira do Livro do Porto 2017

5 Setembro 2017 || 19h00
A Terra e o Homem (1969) de Manuel Guimarães
Nasci com a Trovoada - Autobiografia póstuma de um cineasta (2017) de Leonor Areal

Leonor Areal estreia no Porto o seu documentário “Nasci com a Trovoada”, e é projectado pela primeira vez no Porto “A Terra e o Homem”, um missing filme de Manuel Guimarães
Sessão apresentada por: Miguel Ramos (Confederação – colectivo de investigação e teatral) e Leonor Areal.

Duração total da sessão: 150min

Nesta sessão dupla, projectamos o documentário Nasci com a Trovoada realizado por Leonor Areal a partir de filmes e textos de Manuel Guimarães, cineasta neo-realista cuja obra foi estraçalhada pelo regime fascista português. O documentário baseia-se integralmente em materiais de arquivo: filmes, fotografias, artigos de jornal, cartas e diários. Manuel Guimarães é a voz do narrador que nos conduz através da sua vida e obra. Assim, o documentário transforma-se numa quase ficção, que os fragmentos de filmes escolhidos vão ilustrar.

A “Terra e o Homem” é um documentário do cineasta Manuel Guimarães (1915-1975), sobre Famalicão e a figura do republicano Dr. Nuno Simões (1894-1976). Esta obra considerada desaparecida, foi localizada em Braga no ano 2016 pela Confederação – colectivo de investigação teatral. Após trabalhos de recuperação e investigação que envolveram diversos parceiros em todo o país – Cinemateca Portuguesa, Município de Famalicão, Município de Braga, Municipio do Porto, Leonor Areal entre tantos outros, a obra volta a ser projectada a partir de Setembro de 2017.

Admissão gratuita

Evento facebook.

quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Cineteatro Alba apresenta documentário sobre a vida do cineasta Manuel Guimarães

 
Por Redação / Albergaria-a-Velha / terça, 29 agosto 2017 17:21 
 
O Cineteatro Alba apresenta na próxima sexta-feira, 1 de setembro, pelas 21h00, “Nasci com a Trovoada – Autobiografia Póstuma de um Cineasta”, documentário sobre a vida e obra do Albergariense Manuel Guimarães. A sessão contará com a presença da realizadora Leonor Areal.

“Nasci com a Trovoada” era um projeto de filme autobiográfico que Manuel Guimarães não chegou a realizar, mas que agora foi concretizado por Leonor Areal. O documentário baseia-se integralmente em materiais de arquivo: filmes, fotografias, artigos de jornal, cartas e diários. Manuel Guimarães é a voz de narrador que nos conduz através da sua vida e obra. Em diálogo com fragmentos dos seus filmes, esta “autobiografia póstuma” assume-se como uma outra ficção. 

Manuel Guimarães nasceu em 1915, em Valmaior, e foi o principal cineasta neorrealista do cinema português. Os seus filmes revelam um olhar original sobre a sociedade portuguesa, escolhendo personagens consideradas marginais, tais como saltimbancos, pescadores, vadios, prostitutas, estivadores, jornaleiros. "Nelas se espelha uma arte de sonhar, aliada a uma ética da resistência e à capacidade de sacrifício que nunca abandona a esperança", refere a Câmara Municipal de Albergaria-a-Velha. Manuel Guimarães sofreu amargamente às mãos da censura e viveu alguns períodos de grande dificuldade, sobrevivendo com alguns documentários e diversos trabalhos plásticos. A morte apanhou-o a meio da montagem do seu filme-testamento “Cântico Final”, em 1975.

Leonor Areal estudou cinema na New York Film Academy, com uma bolsa de estudo obtida como prémio pela obra “Há Drama na Escola” (1993). Realizou diversos documentários, entre os quais “Geração Feliz” (2000), “Ópera Aberta” (2004), “Doutor Estranho Amor” (2005), “Fora da Lei” (2006), menção especial no Festival DocLisboa 2006, e “Aqui Tem Gente” (2013), prémio Melhor Documentário Português no Festival Filmes do Homem, Melgaço 2015. É professora-adjunta convidada na Escola Superior de Artes e Design das Caldas da Rainha (Instituto Politécnico de Leiria). Atualmente desenvolve um projeto de investigação de pósdoutoramento sobre censura no cinema português.  

 

segunda-feira, 28 de agosto de 2017

De volta à terra natal


Cineteatro Alba – Sala Principal
NASCI COM A TROVOADA – AUTOBIOGRAFIA PÓSTUMA DE UM CINEASTA
DOCUMENTÁRIO SOBRE MANUEL GUIMARÃES
Gratuito, sujeito a levantamento de ingresso e à lotação da sala
140 min. | M/12

Nasci com a Trovoada é um documentário, realizado por Leonor Areal, sobre a vida e obra de Manuel Guimarães, cineasta Albergariense, nascido em Valmaior em 1915, e que se destacou pela aplicação dos princípios ideológicos do neorrealismo na arte do cinema em Portugal. Na sessão, que contará com a presença da realizadora, será ainda exibido a curta-metragem “A Terra de o Homem” (1969), de Manuel Guimarães.

organização Município de Albergaria-a-Velha
programação Confederação – Coletivo de Investigação Teatral


Evento: https://www.facebook.com/CineteatroAlba/photos/gm.127482017887730/1630894253641779/?type=3&theater

quinta-feira, 24 de agosto de 2017

"Nasci com a Trovoada" em Albergaria-a-Velha a 1 de Setembro


A programação do Cineteatro Alba arranca no dia 1 de Setembro, sexta-feira, com a apresentação do documentário “Nasci com a Trovoada”, uma autobiografia póstuma do cineasta Manuel Guimarães, nascido em Valmaior em 1915. A iniciativa contará com a presença da realizadora Leonor Areal.

http://cidades.com.pt/index.php/cidades/albergaria/item/2589-maria-joao-carlos-guilherme-e-orquestra-filarmonia-das-beiras-encerram-comemoracoes-dos-900-anos-de-albergaria-a-velha

Blogue do filme: http://nascicomatrovoada.blogspot.pt/

sábado, 13 de maio de 2017

Cartaz de Aniki-Bóbó

Saiu, na revista Sábado de 9-3-2017, o cartaz de Aniki Bóbó feito por Manuel Guimarães em 1942 para o filme em que se iniciou no cinema como assistente de realização ("assistente geral").



sexta-feira, 21 de abril de 2017

Dois filmes na Cinemateca / IndieLisboa

"Nasci com Trovoada" em rima com "O Crime de Aldeia Velha" na secção Director's Cut do IndieLisboa, na Cinemateca a 9 e 10 de Maio.


Programa da Cinemateca em PDF aqui: http://www.cinemateca.pt/CinematecaSite/media/Documentos/maio-2017.pdf

terça-feira, 18 de abril de 2017

"Nasci com a Trovoada"


Era este o título de um projecto de filme autobiográfico que Manuel Guimarães não chegou a realizar e que agora se apresenta como "Autobiografia póstuma de um cineasta", realizado por Leonor Areal, e cuja estreia acontecerá a 9 de Maio, às 21h30, na Cinemateca, integrado na secção Director's Cut do festival IndieLisboa 2017.

O documentário baseia-se integralmente em materiais de arquivo: filmes, fotografias, artigos de jornal, cartas e diários. Manuel Guimarães é a voz de narrador que nos conduz através da sua vida e obra. Em diálogo com fragmentos dos seus filmes, esta “autobiografia póstuma” assume-se como uma outra ficção.

Outras informações em http://nascicomatrovoada.blogspot.pt

sábado, 8 de abril de 2017

Cartazes em mupis



Um cartaz de Saltimbancos e outro de Vidas sem Rumo, de Manuel Guimarães, em mupis na zona do Lumiar, Quinta das Conchas, perto da velha Tobis, hoje ICA, onde se juntou um protesto de realizadores e associações do sector cinematográfico, contra o modo de constituição dos júris de selecção da SECA (info aqui: http://24.sapo.pt/atualidade/artigos/juris-de-concursos-de-apoio-ao-cinema-aprovados-no-ica-com-protesto-a-porta)

quarta-feira, 22 de março de 2017

Descoberta!


A Terra e o Homem (1969), filme de Manuel Guimarães, foi descoberto numa escola de Braga (Escola Dto. Francisco Sanches) em Agosto do ano passado e entregue ao ANIM para salvaguarda, pela Confederação - colectivo de investigação teatral.

"Após trabalhos de recuperação e investigação que envolveram diversos parceiros em todo o país – Cinemateca Portuguesa, Município de Famalicão, Município de Braga, Leonor Areal entre tantos outros, a obra regressará às salas de cinema a partir de Setembro de 2017.

A 9 de Abril de 1968 o republicano Dt. Nuno Simões (1894-1976) é homenageado pelo Concelho de Vila Nova de Famalicão, sendo-lhe atribuída a insígnia do “Grande Oficialato da Ordem de Benemerência”. Duas equipas da Cultura Filme, uma Sociedade Comercial de Produções Cinematográficas lisboeta, sob a direcção de Ricardo Malheiro, fizeram a cobertura cinematográfica deste acontecimento para os "Jornais Associados" do Brasil. Completaram o seu trabalho filmando vários aspectos da vila e do concelho de Famalicão, e ainda alguns pormenores da "feira dos folares" - Isto é o que nos diz a jornal “Estrela da Manhã” poucos dias depois do acontecimento. "

(Informação de http://www.confederacao.pt/a-terra-e-o-homem)

Ficha técnica
Realização · Manuel Guimarães
Produtor · Ricardo Malheiro
Chefe de Produção · Almeida Santos
Comentário · João Casimiro Dias
Locução · Luís Filipe Costa
Fotografia · Ferreira dos Santos
Assistente de Imagem · Emílio Pinto
Assistente de Montagem · Emília de Oliveira
Direcção de Som · Alexandre Gonçalves
Laboratório de Imagem · Ulyssea Filmes
Assistente de Som · Nacional Filmes
Produção · Cultura Filmes (segundo o pedido de licenciamento na I.E. /não descrito no genérico)
Duração · 15’
Metragem · 398 mts
Som · Mono
Formato Original · 35mm || pb
Género · Documentário/Reportagem
Idioma original · Português
Rodagem · 1968
Local · Famalicão
Ano · 1969