quinta-feira, 14 de maio de 2015

Biofilmografia

(excerto de artigo «Morreu Manuel Guimarães» in Diário de Lisboa, 30-1-1975, assinado por Lauro António)


Transcrição:

Manuel Guimarães nasceu em 19 de Agosto de 1915, em Vale Maior (Albergaria-a-Ve­lha). Em 1931 matricula-se na Escola de Belas Artes do Por­to, efectuando dois anos de­pois a sua primeira exposição de pintura na Casa dos Jorna­listas e Homens de Letras.
Em 1936 empreende uma tentativa para executar um fil­me de desenhos animados. Laureado com diversos prémios na Escola de Belas Artes. Diri­ge o Grupo de Estudantes de Belas Artes, de onde, nascem as primeiras exposições mag­nas. São seus companheiros Júlio Resende, António Lino, Amândio Silva, entre outros.
Em 1937 efectua a sua III expo­sição individual, começando igualmente a trabalhar como cenógrafo para teatro e cine­ma. Dois anos depois, escreve a história Pardal e C.ª que mais tarde viria a realizar com o título de Vidas sem Rumo, e que a censura cortará mais de 50 por cento da obra primiti­va.
Em 1940 colabora como ilus­trador de várias revistas e jor­nais, entre eles Repórter X e JornaI de Noticias. Faz carica­turas, capas para livros e deco­rações no Palácio de Cristal.
Em 1941, Manuel de Oliveira convida-o para assistente de realização em Aniki Bóbó e, no ano seguinte, António Lopes Ribeiro chama-o para Amor de Perdição.
Em Lisboa, a partir de 1943, Manuel Guimarães tenta o ci­nema, começando a trabalhar como chefe de publicidade da M. G. M. e, como pintor de cartazes, para o cinema S. Luís. Entre 1946 e 1950, é assis­tente de realização de inúme­ros trabalhos de João Moreira, Jorge Brum do Canto, Artur Duarte, Armando Miranda, Fer­nando Fragoso e António Lo­pes Ribeiro.
Como realizador, o seu pri­meiro trabalho é a curta metra­gem O Desterrado, que obtém o prémio Paz dos Reis, em 1950. No ano seguinte roda o primeiro filme de fundo, Saltim­bancos, segundo romance de Leão Penedo, a que se segue Nazaré (1952), com tratamento literário de Alves Redol. Em 1953 dirige Vidas sem Rumo, que só se estreia em 1956, nu­ma versão totalmente refundi­da, dados os profundos cortes de censura. Volta a trabalhar como ilustrador e paginador, regressando ao cinema em 1958 com A Costureirinha da Sé, filme musical, de reduzidas ambições, que se destina a manter o realizador ocupado (e possivelmente alimentado).
Uma peça de Bernardo San­tareno, O Crime da Aldeia Ve­lha (1963) e um romance de Fernando Namora O Trigo e o Joio assinalam etapas sucessi­vas. No caso de O Trigo e o Joio, principalmente, haverá que assinalar a intervenção brutal da censura, que des­troça de novo esta película.
Manuel Guimarães parte em 1965, para Roma, bolseiro pela Fundação Calouste Gulbenkian. De volta a Portugal, reali­za alguns documentários sobre arte para a televisão (em 16 milímetros) e vários documen­tários para o produtor Ricardo Malheiros, alguns dos quais iniciaram uma série intitulada Artes e Letras.
Em 1971, volta à longa me­tragem com Lotação Esgotada, comédia ligeira segundo uma ideia de Mário Braga. Ultimamente, preparava com redobra­ do entusiasmo, o que seria o seu primeiro filme em liberda­de e para o qual recebera um subsídio do Instituto Português de Cinema: Cântico Final, adaptação do romance de Vergílio Ferreira, que acabaria por ser a sua obra derradeira.
Manuel Guimarães era casa­do com Clarice Guimarães, de­dicada companheira e anota­dora de todos os filmes do ci­neasta, que era ainda pai de poeta, Dórdio Guimarães.
L. A.

Fonte: casacomum.org

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